segunda-feira, 10 de abril de 2017

POEMA FAMINTO

nunca imaginei
sentir tanto desejo
a ponto de usar
o poema
pra aplacar
esse fome.

e que fome…

uma fome 
sem nome.
uma fome 
que não come
nem passa
com comida.

prova disso é
meu corpo inteiro
ser banquete:
tanto que a mesa está posta
e o lugar dele tá marcado.

neste lugar, 
todos os talheres,
garfos e facas... 
muitos pratos e taças…
tudo o que ele possa precisar
em cada momento do jantar,
almoço ou café.

essa fome —
que não tem hora,
não tem nome,
que não passa,
que não come —
quer ser comida.

vem cá, homem,
salva esse poema,
come essa fome…
me come.

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