quarta-feira, 28 de outubro de 2015

MORTA-VIVA



Meu medo me cerca
Por todos os lados.
Me dizem estar
Com cara de morta,
Mas quem apenas
Vê o lado de fora
Ignora
Que pra renascer
É preciso antes morrer.

Morreu dentro alguma coisa
Que me ficou estampada no rosto.
E não é desgosto algum
Estampar em mim
Que um renascimento virá.

Quero que ele venha
Apesar do medo
E extrapole os sentidos
E exale por todos os poros...
Medo agora
Só do meu medo
Me deixar pra trás.

Ei, você, que me diz
Com cara de morta,
Não lhe fecho as portas
Porque me abriu os olhos
Pro que há de vir
E virá.
A morta está muito viva.
E pode esperar...
Não mais vou deixar
Tanto insulto
Passar batido.

DEVASTAÇÃO



Um quer me preservar,
Outro quer ir...
E se misturam
E se completam,
Medo e coragem,
E trazem à tona
Essa vontade louca
De ir em frente
Querendo preservar
A minha devastação.
Talvez, pra quem me lê,
Esteja claro
A minha alma
Devastada de medo,
Essa minha falta de coragem
De ir frente,
De me reinventar.
Talvez, por ser tão claro,
Eu não veja.
Eu, que tanto tenho andado
Em meus escuros,
Ainda não me acostumei
Com a escuridão.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

SIMPLESMENTE



Nesse bate e rebate
Com as artimanhas da vida
Não há quem consiga
Passar sem se transformar.

Tem gente que,
Simplesmente,
Não passa.

Tem gente que,
Simplesmente,
Não sente.

Tem gente que,
Simplesmente,
Ignora
As chances que
A vida nos dá.

Tem gente que,
Simplesmente,
Prefere
Uma mesa de bar
Pra afogar as lágrimas
E beber as mágoas...

E tem gente que,
Simplesmente,
Transforma:
Recolhe as lágrimas,
Enxuga as mágoas,
E desemboca
Em rima.
Sina?