sexta-feira, 30 de junho de 2017

INTEIRA

Depois de cem poemas,
Depois de cem (novos) poemas,
Deu pra perceber
Que não vou mais
Caber em qualquer lugar...
Só em verso caibo inteira,
Com direito a avesso,
Abismos e cachoeiras...
Então nele me mostro
Com meus desfiladeiros,
Minhas águas,
Minhas beiras...
Atravesso fronteiras...
Corro riscos...
Sem medo, me atiro
Nos meus próprios precipícios...
E depois de cada queda,
Quedo um instante...
Sacudo a poeira...
E estou de novo
Inteira.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

CENTÉSIMO

esse poema,
esse centésimo poema
que agora escrevo
depois de muito apagar,
e recomeçar,
esse CENTÉSIMO! poema
dessa nova leva
me leva a pensar
que talvez seja esse
o meu lugar...
aliás,
esse centésimo poema
vem pra confirmar que,
rima após rima,
verso após verso,
é em verso,
escrito ou falado,
a minha melhor versão.
esse centésimo poema
(e como é chique
escrever “centésimo”),
mesmo sem tema,
não é uma ilusão.
esse cen-té-si-mo poema
(assim, separadinho,
pra gente entender
a gravidade da situação)
é quase um choque...
e era pra ser natural
mas não dá pra ser natural
quando o poema de número cem,
de uma leva de poemas
que você achou
que não ia acontecer,
acontece.
centésimo...
e eu aqui,
escrevendo feito louca,
nada com nada,
ainda impressionada
com o que o
centésimo poema
pode fazer com você.
Centésimo...
Centésimo?
Centérrimo!

POEMA COMPLICADO

descomplicar...
parece simples,
mas vá tentar...
comece deixando pra lá
isso de entender,
que é coisa
fácil de complicar...
depois tente esquecer
que você precisa aceitar,
porque nem tudo precisa
de sua aceitação...
por último,
que viver seja sua decisão,
sem precisar antever,
aceitar ou entender...
cada coisa virá
no tempo certo...
e é certo
que vai complicar
em alguma ocasião...
então pra quê
tanta noia?

pra quê tanta noia?
sempre uma ocasião
há de complicar,
e no tempo certo,
ela virá
sem precisar que você
aceite ou entenda...
enquanto viver não for solução
e tudo precisar de aceitação,
esqueça...
vai sempre ser fácil complicar...
não tente entender,
ou tente...
parece simples...
mas não é.
deixar pra lá?
só se for isso de
descomplicar... 

domingo, 25 de junho de 2017

O TAL DO POEMA

O poema
Me enlouquece,
Me questiona,
Traz à tona
Uma angústia
Que eu não sei
Nomear,
Que eu não sabia
Que estava lá...

O poema
Me despe
Dessa capa,
Dessa casca
Fina e delicada
E me mostra
Que se eu futucar
Ela vai quebrar
E essa paz
Pode acabar...
É só olhar pra dentro...

O poema
Me acolhe
E é lugar
Onde eu vou
Sempre estar...
Sem calma,
Sem máscaras,
Onde preciso
Do verso incerto
Que traz
A pergunta
Errada
Na hora
Certa.

O poema
Me acessa.

MAIS UM POEMA SEM SABER

O que fazer
Quando tudo por dentro
Parece calar?
Aquela soma de coisas
Por dizer
(Que não dissemos)
E que nos invade...
Aquela súbita vontade
De enlouquecer
E correr
E gritar!!!!
E viver...
E deixar rolar
Essa angústia
Em forma de lágrima...

Viver essa angústia...
Aceitar a lágrima...
Deixar sair
Esse grito
E correr
E enlouquecer
Com essa vontade súbita
Que nos invade
De dizer
O que não dissemos
E que se soma
A tudo que
Por dentro
Se calou
E que agora
Nos torna
Essa pergunta
Insossa:
O que fazer?

segunda-feira, 19 de junho de 2017

POEMA FORMATADO

desculpa mas não dava mais
para resistir ou adiar
o que eu tenho pra dizer...

não sei se cabe no formato
o tanto que eu sinto
e o tanto que eu guardei isso,
mas já não tem mais como conter...

a gente,
que era sem ser,
um formato inventado,
cheio de cuidados
pra não se envolver,
a gente, em mim,
ganhou outra dimensão...

e eu, preocupada com formato,
quando dei por mim,
agora toda sentimento,
extrapolei formato e momento:
não consigo mais disfarçar...

é amor...

e não faz sentido
manter sentimento guardado
pra caber num formato
que não foi formatado...

e o formato,
que formato não tinha,
não sei dele o que será,
nem se ele será

depois que você perceber
que é amor o que sinto
e é por você.

domingo, 18 de junho de 2017

TABULEIRO

"Tudo na vida é um jogo", ele me disse uma vez. Eu discordei, só pra variar... Mas acordo agora essa certeza em mim de não saber jogar... A gente parece um enorme jogo de tabuleiro, e eu, mero peão, jogando os dados, correndo riscos...

A gente não tem como prever qual o número vai sair no dado. Não me importo de avançar apenas uma casa de cada vez. Mas sei lá, tem dia que pareço avançar três casas, ou caio numa daquelas premiadas, que te empurram pra frente no jogo.

Mas a vida insiste em nos colocar em nosso devido lugar. E aí, quando a gente acha que avançou, a sorte te engana, você para na casa que te manda voltar alguns passos... às vezes, te devolve pro início do jogo e é preciso começar tudo de novo. E eu recomeço. Arrisco tudo de novo.

Dizem que quem tem azar no jogo, tem sorte no amor. Só que o jogo não é de ganhar ou perder. O amor é o próprio jogo. Parece estranho. É estranho porque cada um joga o dado na sua vez. Quando o resultado dos dados valer pro dois, talvez o amor vire o jogo. Talvez até seja esse o segredo do jogo: mãos dadas.  

segunda-feira, 12 de junho de 2017

POEMA SE ACHANDO

para ouvir, clique aqui!

eu sinto muito...
mas se eu sinto,
meu poema sente
e extrapola pro papel
o que houver
em mim,
seja certeza,
seja confusão,
amor ou ilusão...
se eu sinto,
meu poema
não mede esforço,
pode até ficar torto
de tanto sentir
ou de tanto sofrer...
não quer saber:
se eu sinto,
ele se vira
pra acontecer,
pra transparecer
o que só
dentro de mim
aparece...
ele vira e mexe,
vai e vem,
rima, des-rima,
ri quando convém...
chora...
sofre todas as letras
e as certezas
que se desmancham em lágrimas,
rimas obscuras...
eu sinto TUDO
muito...
e meu poema
se ressente...
eu sinto muito,
mas não tem jeito...
meu poema
se sente.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

POEMA ACORDANDO

bom dia!
digo e respondo pra mim:
bom dia!
e dessa forma
vou organizando o pensamento,
focando os sentimentos
que quero viver
e as coisas que precisam
acordar em mim,
pra eu acordar...
e aí vou despertando
num tempo diferente,
um pouco a cada momento,
uma coisa de cada vez...
pode ser que,
até o dia terminar,
eu não tenha, de todo,
acordado...
o mundo?
esse pode já ter dormido
e acordado outra vez...
mas quando eu acordar,
quando eu finalmente despertar,
ah...
quando eu der por mim
de todas as coisas
(e sentimentos)
que quero ter acordados
em mim...
nessa hora, talvez,
tenha chegado a hora
de dormir outra vez.

terça-feira, 6 de junho de 2017

POEMA SIM

não entendo
pra quê essa confusão...
eu gosto de você.
e você sabe...
diz que sabe...
mas não acredita.
tem cabimento nenhum...
me sinto uma louca...
que adianta eu dizer
que gosto de você?
você não acredita...
você diz não querer se acomodar.
mas eu preciso de chão
pra poder voar,
afinal,
a gente tem que
partir de algum lugar...
me ache louca,
me ache boba,
ache o que você quiser...
mas eu preciso acreditar...
se eu sei mas não acredito,
é como se eu soubesse
de mais uma inverdade...
Eu entendo,
cada um tem direito
as suas dúvidas...
mas se você duvida
do que sinto,
ainda que o saiba,
o jogo você inverte
e cheia de questões
você me deixa...
deixa quieto o que eu sinto.
eu sinto muito
que você não acredite
que eu gosto de você.
Eu gosto...
Que eu posso fazer?!
Mas eu preciso saber
e, ao mesmo tempo,
preciso acreditar
que você gosta de mim.
Diz que sim,
que é de verdade,
que eu não estou louca...
Diz que sim,
que você gosta de mim...
eu não tenho mais idade
pra lidar com tanto sentimento
em tamanha confusão...
Diz que sim,
que você quer ficar comigo,
e que, embora não seja simples,
se você disser que sim,
tudo estará claro,
ou pelo menos,
já não restarão
tantas dúvidas...
Diz que sim,
que você gosta de mim,
pra eu poder saber,
e sabendo, acreditar.
Diz que sim...
Pode ser?!

segunda-feira, 5 de junho de 2017

POEMA FUNDO

Ah... essa vida que não para
e me arrasta pra acontecer
o que não sei domar em mim...
Ir sem fim pra onde vou
e que nem sei onde é,
é que me faz ser verso,
ser tempo-espaço,
casa-palavra...
e nessa lavra trago
tudo o que menos importa,
como abrir cortinas
para poder olhar
e deixar iluminar
o onde minha sombra
se guarda...
e me resguarda...
Mas não há
hora marcada
ou má hora
em que eu, de mim,
enfim, senhora,
possa acontecer...
Esse poema (fora de hora)
mal sabe o que quer dizer...
mas me pega pela mão
e me leva com ele
pro que virá.
Eu e o poema
de braços dados,
lançados ao mar,
não dá para discernir
quem salva quem:
se salvo o poema
e por isso sou boia,
se o poema boia
e por isso me salva,
ou se por tanta palavra
(mal dita? não dita? inaudita?)
ou por tanto silêncio,
no raso, nos afogamos...