preciso me concentrar,
mas preciso de poesia
pra me centrar.
então o verso
me diz o que sente…
e eu, sentada e sentida,
sentindo o absurdo do verso,
entendo a cilada…
começo a jogar,
entro na dança…
até tento escapar,
mas sempre caio
na sua rede…
não sei mais
quem é pescador
e quem é peixe…
sei que quando
eu preciso me centrar,
o verso não tem pena:
rouba a cena,
o centro,
o cetro,
reina absoluto…
e eu, rendida
aos seus encantos,
apenas obedeço
e de verso, padeço.
porque poesia
é uma fome
que não passa:
ao mesmo tempo
é vício e libertação.
enquanto pareço distraída
caminhando aqui por dentro,
procuro uma saída
mesmo que seja pela contramão…
então viro o leme,
aperto o passo
e me perco
e me acho…
no poema
relaxo
e me centro…
concentro
nos verbos.
Com sorte
e com verso,
o que for preciso
apenas
conserto.
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