terça-feira, 13 de dezembro de 2016

POEMARISCO

Eu sou Maria-cara-lavada.
Trago o que eu sou
exposto na face, 
sem maquiagem,
sem truques, sem alarde.

Ainda temo 
por andar assim,
exposta…
Mas a melhor resposta
para esse medo
é a paz que se instala.

Aceitar minha noites da alma
à flor da pele,
estampando meus retratos
sem precisar retratar-me
por sem quem eu sou…

Sem precisar retratar-me…

Sabe poder ser quem você é
e não precisar pedir desculpas?
Sabe aceitar seus escuros 
e bancá-los, mesmo sabendo
que incomodam?

Incomodam? Mas é claro!
Nem todo mundo 
lida bem com seus escuros…
Nem todo mundo
acorda de manhã
e saí, de cara 
(e alma) 
lavada,
dando a cara (a alma) 
à prova…

Mas quer saber?
Essa paz
vale o risco.

Então, arrisco.

EU-MARIA

Eu — Maria-cara-lavada,
assumo que sou mesmo assim,
que trago o que eu sou
exposto na face, 
sem maquiagem,
sem truques, sem alarde…
Só coragem.

Eu — maria-laço,
simétrica por (minha) natureza,
tenho posto a prova 
todo a simetria,
todo o perfeccionismo,
toda a minha neurose…
Puro desconcerto.

Eu — maria-problema,
trabalho cada dificuldade
em verso, e me inverto
pra encaixar o problema
num poema…
e viro maria-poema
como num passe de mágica.

Poderia citar mais muitas marias
nas quais eu me viro… 
Mas sou: renata,
me transformo em mil marias,
ardo, 
me desmancho em mil pedaços,
vivo tudo, morro…
até que renasço
e em outras tantas
me refaço.

Sina?