quinta-feira, 27 de agosto de 2015

PÉ-DA-LETRA



Fiquei com medo dessa imagem
Da escada a céu aberto.
Vou explicar:
Fiz igual a quando
A gente vai ao médico
E ele dá um diagnóstico
Que a gente não entende:
Joguei minha “escada
a céu aberto” no google.
Um monte de escada
Em direção ao céu.
Tipo assim, a morte,
uma passagem...

Não: NEM UMA delas
Era a minha escada.
Minha escada não termina no céu.
Não sei onde ela termina.
Sei lá, fiquei com
Medo de morrer.
Mas agora? Mas já?
Tudo bem que eu tô
No meio da escada
E isso está me deixando
Preocupada.
Mas é cedo ainda!

Olhei pra dentro
E vi de novo
A minha escada
A céu aberto.
Tem horas nessa vida
que google
é a última coisa
que você precisa.

SERENO


Estou aqui,
No meio da escada,
Sem ter muito
Pra onde correr.
Enquanto escrevo,
Vejo a cena:
Eu, sentada,
Olhando o caminho
Que eu tenho
que percorrer.
A escada parece estrada,
Com suas curvas e
Encruzilhadas,
Pontes, fantasmas...
MEUS fantasmas:
Eu e minhas crises,
O medo de não conseguir,
A vontade de desistir
Sem nem tentar,
O medo de fracassar.
Fracassar em quê?
Em ser que eu sou,
Em aceitar
minha poesia.
Desvio o olhar
Pra não me encarar
Vista dos olhos
De quem me olha
E me lê.
Puta merda!
Preciso crescer.
E você que agora
Me lê e me olha,
Dá uma trégua,
Tenho muitas
Léguas para
Caminhar, eu sei.
Mas agora,
Presa nessa
Escada-estrada
De dentro de mim,
Paralisada,
Só consigo
Chorar.
Dentro de mim
Me falta abrigo:
Minha escada
É a céu aberto.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

MEIO-UNIVERSO



Aqui onde estou
É o meio e não existe
Meio termo,
Meias palavras.
Tudo tem a força
de ser o que se é
por inteiro,
ainda que a gente seja
“meio-querendo-não-ser”.
A gente, sendo fruto
Do meio, e estando
No meio da escada,
Ou até da estrada,
A gente às vezes se perde,
Fica sem saber
O que se é,
Ou se é o bastante,
Ou se é aquilo
Que se sonhou ser
Quando tivesse chegado
Aqui no meio.
No meio da escada,
Ou melhor,
No meio da minha escada
(só agora ela passou
A ser minha)
Ainda é noite
E eu não sei
Se sou eu o bastante
Pra seguir
Daqui por diante.
Não me enxergo
Como deveria.
Ainda oscilo por dentro,
Uma hora, mulher,
Outra, menina.
E, por fora,
A menina domina,
Não quer ir embora.
Uma encruzilhada
No meio da escada.
O meio da minha
Escada é um
Universo inteiro.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

ESC



E eu, aqui
No meio
Da escada,
Achando
Que não
Tinha saída...
Repare:

ESC-EU-ADA.

Como assim
Eu não vi
Esse “ESCape”?
Só eu que
Não vi
Que havia
Saída?
Que dividir
A escada
E me colocar
Bem ALI,
Exatamente
NO MEIO,
Ia deixar
Esse “ESC”
ESCANCARADO?

Quis tanto sair,
E a saída estava
Bem aqui,
No começo
Do Meio.