segunda-feira, 27 de março de 2017

A REGRA DA RIMA

rimo 
não quando quero
ou quando posso…
pra rima 
não tenho regra.

a própria rima
me ensina:
“desliga a rima,
menina!
a rima 
não precisa
ser o fim,
nem precisa 
ser só no fim.
pode ser meio,
começo…
pode até nem ser…
relaxa… deixa 
o poema correr…”

eu obedeço
e jogo com ela…
corro da rima,
pego picula…
brinco de pique-esconde
com palavras que eu 
nem suspeitava conhecer…

ela ri,
mas gosta desse jogo… 
não perde tempo:
corre atrás de mim,
chega bem pertinho,
e de mansinho, 
beija meu pescoço…

uma coisa é certa: 
uma hora ela cansa
da brincadeira,
tira o véu 
e se mostra inteira…

e ali, de frente 
pra rima nua e crua,
me dou conta da loucura,
da necessidade da rima…
da sua precisão…

não tenho regra
pra rima…
sigo minha intuição.

POEMACORDADO

Nem preciso mais
dormir…
até acordada
sonho com você.
eu sei…
a gente se apaixona
e fica assim,
clichê…

não quero 
nem saber…
apaixonada,
monotemática,
clichê…
Podem falar…
não vou ligar…

nem preciso dormir!
é acordada 
que o sonho
fica melhor…
porque é real
e é sonho
e é agora…

embora tudo
siga em calma,
a calma
é só por fora…
por dentro
a alma vibra,
pula,
canta,
dá mil piruetas
no ar…

quero é ficar
bem acordada,
noite estrelada
é por dentro,
nada de luz
apagada…
quero sonhar 
e viver
o que tiver 
de ser…

dormir?

pra quê?

sexta-feira, 24 de março de 2017

DESAGUAPOEMA

o que fazer quando
em teu nome
tem todo o mar
onde eu, água,
quero desembocar?

e tu me amanheces
cheio de palavras…
um mar inteiro
dedicado a elas…
como conter 
esse mergulho,
a vontade dele?

e tenho um pouco
de dificuldade
de, nesta idade,
resistir a tanto 
mar…
e encanto…

tanto que canto…
tanto que insisto
nesse verso bobo,
nessa agonia
por dentro…
é tudo água…
e tudo é tanto
que nem sei 
decifrar os 
sentimentos…

sei que quero
esse mergulho,
esse mar particular…
esse rio de águas límpidas
e sem segredos…

Desisto de resistir.
Só o que quero 
é desaguar…
em ti.


segunda-feira, 20 de março de 2017

TEXTO PATÉTICO

Sim, eu sei. Estou ridícula. Ouvindo música o tempo todo. E com uma vontade absurda de dançar, independente de onde esteja, ou de quem estiver olhando…

Não. Não estou conseguindo conter o riso. Ele agora vem fácil. Sorrio até pra estranhos na rua… Se vacilar, imagine… puxo até conversa…

Sim. É obvio que tem alguma coisa acontecendo. Eu resisti bravamente… acho que por uns dois dias, rs… Mas foi absolutamente IMPOSSÍVEL não ceder a esse monte de sentimento que agora me invade.

Não parece. Mas agora é tarde… Estou com medo. E por isso me sinto ainda mais ridícula. 

E sim, estou TENTANDO ter calma. Tentando…Até porque calma mesmo, com a alma nesse estado, é quase impraticável… 

E não. Hoje eu não fiz nada do previsto. Você fez morada nos meus pensamentos. 
E sim. Eu espero ansiosamente o momento do dia em que virá o seu bom dia… e ele vem sempre acompanhado de outra fala…

E sim… eu sei: estou ridícula, musical, poética… e patética! 

Mas não… não vou mais render essa conversa. 



terça-feira, 14 de março de 2017

POEMA DESCABIDO

não tem cabimento
em tão pouco tempo
ter tanto sentimento.

não tem cabimento
nenhum.

tudo bem.
não cabe fechar
nenhuma decisão.
não cabe definição.

cabe ter calma.
cabe sentir.

o que não tem 
cabimento
é nesse momento
estar eu aqui,
sem caber em mim,
sem caber nesse poema,
sem saber o que fazer
com essa paixão.

paixão mais sem cabimento…
não tem cabimento 
nenhum
esse poema.
nem devia ser poema.
e é uma enxurrada
de poema
sem cabimento algum.

é…
agora não cabe

mais verso nenhum…

ERA UMA VEZ

Era uma vez uma mulher desencontrada. Uma dessas que sofria de um grande desencontro consigo mesma. Desses graves. Profundos. Irresolúveis. Pelo menos, ela achava que era. E por achar que não tinha solução, ela dava mais munição para que o desencontro se fortalecesse. E olhava sempre para tudo que, nela, ela não gostava. Olhava fixo. Profundo. E se olhava muito… mas para si olhava com dó.

Era outra vez… a mesma mulher desencontrada… aquela que olhava pra si com dó. Ela encontrou um outro olhar. Desses que olha com ternura. Com delicadeza. Com um pouco de dúvida mas com um bocado de certezas. E com esse olhar, ela teve outro desencontro. Não entendia como podia um olhar (que ultrapassava todas as barreiras que ela tinha criado) conseguir encontrar dentro dela o que ela ainda não tinha achado.


Ainda é essa mesma outra vez, essa mesma mulher e esse outro olhar. Ela fez de tudo para que o olhar a desencontrasse. Disse que dentro era instável… quase detestável. Mas o olhar ainda estava lá. Ainda. E agora não está, mas é como se estivesse… porque o outro olhar não sai do juízo. Ela sabe que corre perigo. Ela sabe que suas barreiras caíram por terra. Ela sabe. Mas vai correr o risco. Quem sabe ela não aprende a se olhar?! 

POEMA-CHAVE

você me olha
com esse jeito,
com esse olhar
que parece 
ver tudo
por dentro…
não consigo
controlar…
e quando vejo
já olho torto,
desvio o olhar…
não sei o que virá…
não sei o que será…
“você ainda está olhando?!” 
corro pra dentro,
fecho janelas,
cortinas,
portas…
em todas as chaves
dou duas voltas.
mas seu olhar
está lá.
“você ainda está olhando?!” 
e nem todas as chaves
e nem todos os cadeados
e nem todos os cofres do mundo
seriam suficientes
pra me blindar.
“você ainda está olhando?!” 
você me desmonta…
e perco a conta
do tanto
de chaves
e cadeados
e cofres
você já abriu
aqui dentro.
“você ainda está olhando?!” 
sento, me centro,
e tento muito… 
mas não sustento 
muito tempo
meu olhar no seu.
Há de haver a hora
do seu olhar chegar
e, se resolver ficar,
encontrar
janelas 
e cortinas abertas…
a porta só no trinco…
ei! olha pra cá!
não vai demorar…

quinta-feira, 9 de março de 2017

DEIXE O AMOR BROTAR



Para Dan e Lai


Quer ver 
amor perfeito 
nascer?

Comece escolhendo a semente:
esse processo pode demorar.
Mas não se apresse…
Ela virá.
Escolheu a semente?
Então vamos lá.
Não tem como saber
se ela vai vingar
se você não plantar.

Escolha um vaso,
um canteiro iluminado,
um local adequado
e então, dê um trato
no solo do coração.
Quando o terreno
tiver preparado,
coloque a semente,
adube… e cuide!

Dê espaço ao amor
(perfeito ou não)…
E não esqueça
que amor perfeito
começa na gente,
e nem a gente
é tão perfeito assim…
Sendo assim,
Ele precisará de luz…
um passeio ao sol
não será nada mal,
principalmente 
nessa fase inicial.

Olhe com carinho
pra esse vaso, canteiro
ou seja lá onde for que
você plante o seu amor:
a terra está úmida?
o terreno está fértil?
Se não estiver, providencie.
Regar o amor
faz toda diferença
pra ele crescer
bonito e saudável,
e se manter vivo.

Olhe para ele todo dia,
veja o que ele precisa,
alimente essa ideia.
Às vezes demora
alguns dias 
pra semente “pegar”.
Outras, é rápido
pro amor se instalar.

Mas tudo começa
na semente.
Deixe o amor brotar!



terça-feira, 7 de março de 2017

POEMAOUNÃO

toda essa dúvida
sou eu
sendo eu…
toda essa desconfiança…
eu não era assim…

entendo que,
pra me encontrar,
eu me perdi muito
do que eu era
e que eu
nem sei mais 
quem era…
mas ainda
me assombro
comigo…

parece castigo.
parece 
que meu fantasma
quer morar comigo!…
e eu,
voltando ao que era,
sendo eu 
sem ser…
e sem saber
como desfazer
essa confusão 
que se instala.

essa profusão
de sentir
que me acomete
o peito,
a mente…
parece real.
parece legal!
parece
que eu tenho 
que seguir
em frente.

“aguente…”,
o poema me diz…
“pague pra ver
o que já está dito…”
alguma hora
há de fazer 
sentido.
ou
não.

PE(N)SO LEVE

Ahhh…
Sem o peso do mundo
nas costas,
já até 
respiro melhor…
Sem o peso
desse mundo 
TERRÍVEL 
(e inventado por mim)
nas costas,
sinto o realinhar
da coluna… 
a cabeça
voltando pro lugar…
Eu meio que
sempre vou duvidar…
Demoro de acreditar…
Mas eu chego lá!
A vida tá aí,
de prova…
Reviraram tudo…
Mexeram, 
inclusive,
na minha paz…
E como eu pude,
por tanto tempo,
evitar essa paz
que agora 
me endireita?
Eu sei, 
não tem receita…
Mas concluí
que tudo acontece
na mais absoluta 
normalidade…
Dentro 
tudo funciona,
fora um ou outro
curto-circuito
sem nenhuma
intenção adicional…
E como é bom
respirar em paz…
deixar mais um 
fantasma pra trás…

Ô, felicidade…