Ainda não sei bem
O porquê desse poema...
Mas ali,
Tendo a unha revirada,
Revirou alguma coisa
Por dentro.
Munida de tesoura, alicate
E outros instrumentos perfuro-cortantes,
Foi tirando unha e carne,
E foi espezinhando
Alguma dor...
E era um gosto mórbido em,
com aquelas ferramentas,
Ir mexendo
Onde ainda nem era ferida...
Mas a ferida estava lá...
Me vi ali, sentada,
Lidando com aquela situação:
Um ritual meio mórbido e sagrado
De limpar da unha
E da alma
O que incomoda...
De modo que, agora,
Ao olhar o pé com a unha feita,
Limpa, quase nova,
Ainda sinto a estranha sensação...
Os sentimentos ainda estão
À flor da pele...
Esse tenso ritual
De desencravar a unha,
Tirar o excesso de pele,
Deixa a alma fica mais leve,
Mesmo sem saber exatamente
O que se passou...
Futucou-se tanto
Alma e unha,
Que até o poema
Desencravou...
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