segunda-feira, 17 de abril de 2017

PASSA-PRAZO

OK.
Temos um prazo
E, ao mesmo tempo,
Temos um problema.
Afinal, seria ótimo
Se eu soubesse
Lidar com eles.
Mas não.
Eles, prazos,
São um prato cheio
Pra minha falta de organização,
Pra minha bagunça diária,
Pra minha assumida procrastinação.
Dos prazos,
Uso todos os minutos,
Segundos,
Centésimos de segundos...
Fico refém do relógio,
Do tempo cronológico...

É lógico que,
Tendo um prazo
Pra cumprir,
Eu inverto as prioridades,
Invento verdades...
E se TEM QUE fazer,
É claro que vou subverter
O quanto eu puder....
Vou negar...
Adiar...
Vou ficar pensando
Em tudo que poderia ter sido
Se eu tivesse cumprido o prazo,
Mesmo sem ele ainda ter acabado...
Um desejo mórbido,
Sofrimento prévio,
Gozo sórdido
Em achar que vai dar errado,
Que não vou conseguir...

Às vezes,
Só de saber que tem um prazo,
Eu, por dentro, já sucumbi.
Já desisti sem nem começar.
É, eu sei,
Sou melhor que todos
Em me boicotar.
Outras vezes,
Quando ele está pra terminar,
Eu renasço e reajo,
E faço acontecer,
Nem que seja no último centésimo
Do último segundo.
Quando é pra ser,
No apagar das luzes,
Sou sempre eu quem surge
Do alto da minha desorganização,
Com a tarefa sendo,
Acontecendo...
Uma grande ilusão...

Eu peço prazos,
Recebo problemas,
E faço poemas,
Porque a tarefa mesmo,
Talvez eu nem vá cumprir...
Pode me achar louca,
Pode rir...
Tem prazo, eu passo.
Mas o poema
Eu faço.

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