domingo, 30 de abril de 2017

POEMA-ESCAFANDRO

Costumo mergulhar
Em minhas próprias águas.
Costumo ir sem medo
Pro fundo de mim...
Mas às vezes
Só sei ir...
Fico tempos submersa...

Cada ser tem seus abismos
Cada mar, seus escuros...
O que me leva a crer
Que essa escuridão,
Oriunda dos meus próprios abismos,
É que me toma inteira.

Não tem boia que salve,
Ou corda que segure...
Logo eu, que não sei nadar,
Não tenho medo de mergulhar...

Ao me posicionar na beira do abismo,
Olho para baixo
E sinto toda a minha escuridão
Querendo me invadir.
O mergulho é iminente.
Meu mar me chama.

Mas não sigo em vão,
Agora tenho proteção:
Me agarro ao papel e à caneta,
Não temo mais ficar sem ar,
Com ele consigo respirar...
Encontrei talvez a boia,
A corda, a tabua de salvação...
Pra mergulhar em mim,
Nesse mar sem fim,
Confesso:
Só com muito verso.

Meu escafandro?
O poema.

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