quarta-feira, 23 de março de 2016

Poema-motivo

Aqui nessa aula
Onde nada acontece
Resolvo tecer
Uma outra trama
(talvez um drama).
Aqui olhando a caixa,
A areia e o “céu”,
Fico sonhando
Com a outra aula
Que, essa sim,
Corresponde a céu pra mim.
Lá é corpo a corpo,
Ajustar o passo,
Entrar no compasso
Certo da canção.
Isso sim é emoção,
Céu!
(Para mim, no céu
Deve ter aula de forró).

E eu aqui
Tendo aula
De compreender miniaturas
Ampliando seus significados.
Pois é, tá puxado!
Valia mais até
Alguém pisando no meu pé.

Estou na energia
Do ritmo,
De pegar o passo
E repetir tanto
Até que o passo
Seja incorporado
Ao ponto de nem pensar,
Deixar fluir,
Só sentir,
Só deixar acontecer.

Quero ir lá,
Quero dançar,
Quero viver.
Quer saber?
Minha alma está pedindo:
Vou obedecer.

quarta-feira, 2 de março de 2016

MARÉ

Acreditei,
abri a porta
e era mar
o que de mim saltava.
Mar profundo
Onda de palavras
Que não ouso revelar...
Mas o mar
senti como lar
e ri da rima
(minha incontestável sina:
minha agonia
e minha razão.
Era mar
e era poesia
e era em palavras
que o oceano
desaguava
e consistia.
Foi espanto
e foi alegria
e foi...
Mergulho nas palavras
e é nelas onde me encontro,
onde me deito,
onde vivo
e gozo,
onde morro
(e a morte nesse mar
não é por afogamento)
e renasço.
E sou concha
estrela, pérola,
barco...
Navego e arco
Com minhas consequências
De ser mar
E ser palavra, ser imagem,
Ser eu,
Sereia.