quarta-feira, 26 de julho de 2017

POEMA QUE PEGOU DESVIO

Dispo-me e
Despeço-me do que
Outrora fui.
Já não dou conta
De ser.
Não ouço voz
Que possa me confortar
E afirmar com clareza
Caminhos possíveis,
Nem a minha.
Acho que preciso
De desvios,
De andar por
Linhas sinuosas,
Curvar-me
Até doer as costas...
Agora só me dói
A alma reta
Nessa reta sem fim
Por onde sigo.
Não me saber,
Correr perigo...
Não sei se consigo.
Acho que preciso
Nadar na corrente
Incerteza
Contra-corrente...
Sobrevivente
De afogar-me
Nos meus descaminhos...

O poema pegou
Desvio
E não sei mais
Voltar.
Só sei que
Já não dou mais conta
De ser.
E, por estar despida
De mim,
Despeço-me.

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