domingo, 30 de julho de 2017

POEMA IMPERFEITO

um pouco
do que hoje sou
são as olheiras
sempre a mostra
e as unhas
sempre por fazer.
estado
de imperfeição absoluta
que quem simplesmente olha
pode ver.
uma imperfeição
que deixa calma a alma
e a alma aflora
em tudo que faço,
por isso, quem me olha
vê meus rastros
em mim.
já não me exijo
mais do que isso:
imperfeição.
é só disso que preciso
pra ser quem sou:
me aceitar imperfeita,
me abraçar inteira,
aceitar o que,
teoricamente,
não devia,
tipo começar frases
com pronome oblíquo...
me aceitar
com a transgressão da língua
em toda a sua extensão.
quem simplesmente olha
pode ver:
a roupa pode até estar
um pouco machucada,
a unha por fazer,
as olheiras sem cobrir,
mas a alma,
imperfeita,
está perfeitamente
inteira. 

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