quinta-feira, 25 de maio de 2017

POEMA INESPERADO

meu poema vive
ganhando formas:
já foi aflito,
frito,
aceso,
concentrado,
faminto,
bem resolvido,
endereçado,
e ainda vai ser
tudo o que puder...
até esse poema,
inesperado,
que não sabia
que ia ser poema,
que não tinha
lema nem leme,
que tava à deriva
nesse mar de mim,
agora acontece
todo cheio de ciência,
todo prosa... se achando
no meio da minha poesia...
Ah... meu verso
não tem geografia,
não tem coordenadas
para se achar,
só pra se perder...
e no meu verso
eu me perco
e de tanto me perder
me acho...
fico toda prosa
só porque desato
a escrever uns versos
achando que é poesia...
Campos diria:
"se calhar é...
e porque não há de ser?"...
Recorro ao mestre,
tiro ele do contexto
e, ousada que sou,
meto no meu texto
os versos que ele pensou.
E esse poema,
que não tinha
leme nem lema,
parece que se encontrou.

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