terça-feira, 14 de março de 2017

ERA UMA VEZ

Era uma vez uma mulher desencontrada. Uma dessas que sofria de um grande desencontro consigo mesma. Desses graves. Profundos. Irresolúveis. Pelo menos, ela achava que era. E por achar que não tinha solução, ela dava mais munição para que o desencontro se fortalecesse. E olhava sempre para tudo que, nela, ela não gostava. Olhava fixo. Profundo. E se olhava muito… mas para si olhava com dó.

Era outra vez… a mesma mulher desencontrada… aquela que olhava pra si com dó. Ela encontrou um outro olhar. Desses que olha com ternura. Com delicadeza. Com um pouco de dúvida mas com um bocado de certezas. E com esse olhar, ela teve outro desencontro. Não entendia como podia um olhar (que ultrapassava todas as barreiras que ela tinha criado) conseguir encontrar dentro dela o que ela ainda não tinha achado.


Ainda é essa mesma outra vez, essa mesma mulher e esse outro olhar. Ela fez de tudo para que o olhar a desencontrasse. Disse que dentro era instável… quase detestável. Mas o olhar ainda estava lá. Ainda. E agora não está, mas é como se estivesse… porque o outro olhar não sai do juízo. Ela sabe que corre perigo. Ela sabe que suas barreiras caíram por terra. Ela sabe. Mas vai correr o risco. Quem sabe ela não aprende a se olhar?! 

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