segunda-feira, 5 de junho de 2017

POEMA FUNDO

Ah... essa vida que não para
e me arrasta pra acontecer
o que não sei domar em mim...
Ir sem fim pra onde vou
e que nem sei onde é,
é que me faz ser verso,
ser tempo-espaço,
casa-palavra...
e nessa lavra trago
tudo o que menos importa,
como abrir cortinas
para poder olhar
e deixar iluminar
o onde minha sombra
se guarda...
e me resguarda...
Mas não há
hora marcada
ou má hora
em que eu, de mim,
enfim, senhora,
possa acontecer...
Esse poema (fora de hora)
mal sabe o que quer dizer...
mas me pega pela mão
e me leva com ele
pro que virá.
Eu e o poema
de braços dados,
lançados ao mar,
não dá para discernir
quem salva quem:
se salvo o poema
e por isso sou boia,
se o poema boia
e por isso me salva,
ou se por tanta palavra
(mal dita? não dita? inaudita?)
ou por tanto silêncio,
no raso, nos afogamos...

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