quarta-feira, 18 de novembro de 2015

MERGULHO NO ESCURO



Agora que já posso esconder
Esse escuro que tanto incomoda
Resolvo deixa-lo à mostra:
Taí pra todo mundo ver,
Mesmo pra quem não quer.
Perguntam se eu dormi,
Se eu estou cansada...
E eu,
Com a cara literalmente lavada,
Digo que não posso fazer nada,
Que minha olheira está aí,
Um dia mais, um dia menos,
E que é assim todo dia,
Não adianta agonia,
Não adianta tentar esconder.
Quando escondo,
Ela melhora por fora,
Por dentro,
Ela continua existindo.
A noite é na alma.
E de que adianta acender a luz
Se ela não combate o escuro?
Se no escuro é
Quando melhor posso ver?

Mas ao mesmo tempo que
Resolvo bancar,
Também tento remediar...
Não sou de ferro,
Tento reduzir os danos.
E mesmo sendo este
Um grande engano,
Vou seguindo enganada,
Tentando fazer poesia...
É muita agonia:
A morta-viva,
A que não dorme,
A que sempre está cansada...
E eu poderia  continuar
A enumerar os meus vários
Eus prejudicados.
Mas aqui está escuro,
E não vou repreende-los:
Acolho tudo
O que é escuro em mim
E mergulho nessa noite
Sem pressa para amanhecer.

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