Minhas olheiras
tem o meu tamanho.
Olho pra
elas e são grandes
E parecem
ser para sempre.
Tento domá-las,
Como quem
tenta
Domar um
leão
Sem ter tido
treinamento
Para essa
função.
Tento aceita-las
e
Parece-me de
bom tom
Que eu as
aceite.
Mas elas têm
o meu tamanho,
O tamanho que
eu mesma
Dei a elas
E agora não
sei
Como voltar
atrás.
Não sei mais
como ser
Sem as
olheiras
E a
importância que agora
Elas possuem
em minha vida.
São “olheiras
de estimação”.
E como as
coisas e pessoas
Que nos são
de muita estima
Não consigo deixa-las
ir,
Não consigo
seguir sem elas,
Logo eu, que
sempre as escondia.
Pois agora
não há
Esconderijo
algum:
Minhas
marcas estão
Estampadas na
face
Como se eu
tivesse
Feito uma
tatuagem
Com as
marcas da minha alma.
Agora, com a
alma
Todo o tempo
exposta nos olhos
Pros olhos
de quem quiser ver,
Tenho que
seguir em frente.
Mas cadê que
consigo?
A cada passo
que insisto em dar
Tento colocar
minha olheira
Em seu
devido lugar
Mas ela não
me obedece,
Ela é
teimosa como eu,
Insiste em
ficar
E em ocupar
seu lugar
De direito e
de grandeza
De quase
realeza.
Mas eu
continuo tentando,
Quem sabe,
Vencer pelo
cansaço.
A vontade
que dá
É de
esfregar com esponja
Ou palha de
aço
Pra apagar
do olhos
Esses
escuros da alma.
Se o escuro é
da alma,
Que fique
por lá!
Por que essa
minha alma
É tão
exibida que precisa
Extrapolar
meus olhos
Para se
mostrar?
E de pensar
No quanto é
louco
Eu me violentar
assim
Para apagar
de mim
Quem sou
Me assusta e
me paralisa.
E eu me
agarro ao escuro,
E procuro me
encontrar
Ali mesmo,
enquanto
Minha noite
de dentro,
Minhas olheiras,
Não amanhecem.
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